Ontem acordámos às 7h (a hora normal de acordar aqui, até porque o sol nasce às 6h...) com uma vista que...bem...não há palavras!
Durante toda a manhã estivemos livres porque vários dos habitantes de Tumbira estavam em reunião com elementos da FAS (Fundação Amazonas Sustentável, a ONG com quem viemos colaborar). Nessas horas ajudámos o Zé na sua obra; bom, na verdade o Diogo ajudou o Zé a carregar a madeira da marcenaria para a obra e a Ticha...tirou fotos... ah! e foi buscar água!! A essa hora estavam uns...30°C e os meninos suavam sem parar!!
Perto da hora do almoço terminou a reunião e foi-nos dado a conhecer o veredicto: o Diogo começaria as aulas na semana seguinte, dando 3 turnos por dia (muita gente a querer saber de computadores aqui!!!); a Ticha e o Diogo teriam ambos que preparar palestras nas suas respectivas áreas para dar a todos os habitantes da comunidade; e... a Ticha sairia nessa mesma tarde para ir atender outra comunidade e passaria lá a noite!! Foi instantânea a nossa solicitação em coro para o Diogo também ir... e foi rapidamente consentido!!
Almoçámos: carne, arroz, feijão, massa (sim, arroz com massa em quase todas as refeições!!...) e farinha de mandioca!! Mas antes pudémos provar uma iguaria estranhamente saborosa: tartaruga! Com direito a ser servida na carapaça da própria!!! Sim foi estranho... mas soube bem!
Perto das 16h30 partiu, então, de Tumbira a equipa de trabalho rumo a Terra Preta: Jorge (o comandante da "ambulancha", o meio de transporte desta equipa de saúde), a Maria Augusta (a técnica de enfermagem de Tumbira, que está a trabalhar directamente com a Ticha), a Bianca (a nossa companheira voluntária argentina, que trabalha com as crianças pequenas na escola, mas como não tinha trabalho veio ajudar-nos e fazer-nos companhia!), o Diogo e a Ticha.
Depois partimos mesmo para Terra Preta! Quando chegámos o Jorge informou (sim, aqui usam-se as casas uns dos outros assim...) o Zé Roberto, chefe da comunidade de Terra Preta, que nós íamos jantar e dormir na casa dele! Nós levámos de Tumbira uma arca com linguiça e arroz e lá preparámos o nosso jantar! Na nossa mochila cada um de nós tinha uma rede, o colchão preferido por aqui: é desdobrar, pendurar em duas pontas opostas e dormir!!
Terra Preta é bem diferente de Tumbira: estava sem combustível para o gerador e portanto...não tivemos electricidade, não tem chuveiro nem qualquer água canalizada, as casas são mais precárias e as condições de vida mais difíceis... Assim, sem luz e porque o sol se põe às 18h, às 20h estava noite cerrada, deitámo-nos na rede só por um minuto e...dormimos até ao dia seguinte!! Que é como quem diz, 6h da manhã, porque estávamos a dormir em redes no terraço da casa e portanto a essa hora o sol nasceu, os galos cantaram em coro, os pássaros não deram descanso!! Tomámos um banho no rio (sim...de champô e gel de banho) e começou "o nosso primeiro dia de trabalho".
A comunidade de Terra Preta estende-se ao longo de mais de 2km, sempre junto à praia e nosso trabalho foi ir de casa em casa preencher os dados gerais e de saúde de cada família nuclear.
A caminhada ganhou contornos de travessia do deserto quando ficámos sem água debaixo de um calor verdadeiramente ABRASADOR mas que não nos demoveu da nossa tarefa. O contacto com a população foi desafiante: famílias com vários elementos que já deixaram a comunidade, falta de conhecimento acerca da própria família (sim...aqui é comum os próprios pais não saberem a idade de todos os filhos, por exemplo), falta de confiança nos médicos e na medicina em geral... E assim se passou rapidamente um dia que foi cansativo, principalmente pelo lado psicológico, mas também muito gratificante. Na Amazónia, a natureza dá muito (comida e abrigo) mas também tira de uma forma, por vezes, avassaladora: aqui, em qualquer acidente, a ajuda chega muitas vezes tarde demais!
O tempo estava a fechar, ao longe já se via uma tempestade, mas mesmo assim o nosso comandante, o Jorge, confiou o barco e a tripulação às mãos do Diogo!
Correu bem e estamos aqui...a AMAR esta experiência ÚNICA!!!
Beijinhos e abraços
Ver as fotos e ler nas palavras as vossas experiências e emoções, faz saltar as lágrimas nos olhos! É tudo tão intenso e naturalmente belo, que o nosso coração fica aos "saltos"!
ResponderEliminarContinuem a descobrir e...a mostrar as vossas descobertas.
Beijinhos com toda a energia do mundo.
MirArmando